Adrenalectomia: O que é? Como é a recuperação da cirurgia?

cirurgiões realizando um procedimento por videolaparoscopia

Você foi diagnosticado com uma alteração na glândula adrenal e foi recomendada a adrenalectomia.

Mas o que é essa cirurgia? Quando ela é indicada? Como é a sua recuperação?

O objetivo deste artigo é explicar tudo o que você precisa saber antes da sua cirurgia de adrenalectomia.

O que é a adrenalectomia?

É a cirurgia para remoção da glândula adrenal ou suprarrenal.

Elas estão localizadas acima dos rins, sendo responsáveis pela produção de diversos hormônios vitais para o nosso organismo, como: catecolaminas (derivados na noradrenalina), glicocorticóides, androgênios e mineralocorticóides.

A remoção de uma única glândula normalmente não causa repercussões ou necessidade de reposição hormonal.

No entanto, se ambas as glândulas forem removidas, a reposição é fundamental.

retirada da glandula adrenal ou suprarrenal
A cirurgia para retirada da adrenal pode ser realizada de diversas formas.

Quando é indicada a retirada da adrenal?

Dentre as principais indicações para a cirurgia de adrenal, destacam-se:

  • Massa adrenal > 4cm;
  • Tumores funcionantes;
  • Lesões suspeitas de malignidade;
  • Tumores metastáticos.

De acordo com um estudo científico publicado no European Journal of Endocrinology, a principal causa de massa adrenal são os adenomas não funcionantes.

A cirurgia é indicada, pois os nódulos (benignos ou malignos) podem comprimir a glândula adrenal e aumentar a excreção de diversos hormônios, gerando sintomas como:

  • Taquicardia;
  • Pressão alta de difícil controle;
  • Fadiga;
  • Ganho de peso;
  • Dor de cabeça;
  • Alterações de humor.

Como é feita a cirurgia de adrenalectomia?

Este procedimento pode ser realizado através da:

  • Cirurgia aberta convencional;
  • Cirurgia minimamente invasiva (laparoscópica e robótica).

Atualmente, a maioria das lesões são tratadas por via minimamente invasiva.

A cirurgia aberta convencional é reservada para lesões extensas, normalmente acima de 7cm ou com invasão de estruturas adjacentes.

Independentemente do tipo de cirurgia, o objetivo é remover a glândula adrenal com a preservação do rim.

Em alguns casos, há a infiltração e comprometimento do rim, sendo necessária a cirurgia para remoção do rim.

Como é a cicatriz da suprarrenalectomia?

Cirurgia robótica e laparoscópica

A cicatrizes nas cirurgias robóticas e laparoscópicas são pequenas, em torno de 0,5 a 2cm e podem variar de três a cinco incisões próximas ao umbigo.

Caso a lesão seja grande, pode ser necessária a ampliação de uma das incisões para a remoção da peça cirúrgica.

Cirurgia aberta convencional

Na cirurgia aberta, a incisão pode ser abdominal em direção ao dorso ou totalmente dorsal. Ela apresenta um tamanho de 10 a 20cm.

Esta cirurgia também pode ser feita através de uma incisão mediana abdominal, de aproximadamente 10 a 20cm, a depender de cada caso.

Como devo me preparar antes da suprarrenalectomia?

O preparo antes da cirurgia é extremamente importante.

Como esta glândula produz derivados da noradrenalina, a sua manipulação durante a cirurgia pode desencadear alterações hemodinâmicas importantes para o paciente.

Dentre elas, um aumento súbito da pressão arterial e da frequência cardíaca.

Sendo assim, recomenda-se a realização de:

  • Exames pré-operatórios gerais;
  • Exames específicos;
  • Avaliação anestésica;
  • Avaliação cardiológica.

Dentre os exames pré-operatórios gerais, destacam-se: exame de sangue completo com coagulograma, função renal e eletrólitos, radiografia de tórax e eletrocardiograma.

Os exames específicos são necessários para avaliar a funcionalidade deste nódulo na adrenal e consiste em analisar os derivados de noradrenalina plasmáticos e urinários, assim como seus precursores.

A avaliação anestésica e cardiológica é essencial para verificar se o paciente está apto para realização da cirurgia.

Juntamente com esses especialistas, realizamos o “bloqueio” pré-operatório que consiste no uso de medicamentos específicos, a fim de controlar a pressão arterial e evitar picos durante a cirurgia.

Qual tipo de anestesia é feito na cirurgia da adrenal?

A anestesia utilizada para a cirurgia é sempre a anestesia geral, acompanhada ou não de anestesia raqui ou peridural e bloqueio periférico.

Este tipo de anestesia é válido para todos os tipos de cirurgia (aberta, videolaparoscopia e robótica).

Durante a cirurgia, o paciente estará dormindo, respirando sobre ventilação mecânica e sem sentir dores ou desconfortos.

Ele também estará monitorizado durante todo o procedimento.

Como é a recuperação da cirurgia de adrenal?

Após o término da cirurgia, o paciente será encaminhado para o repouso anestésico, até acordar da cirurgia e ser liberado para o quarto ou UTI.

Esta decisão é baseada no tipo de cirurgia, extensão da lesão e detalhes intraoperatórios.

Cirurgia minimamente invasiva (robótica e laparoscopia)

A recuperação com a cirurgia minimamente invasiva é mais tranquila e precoce.

Pode ocorrer um leve desconforto abdominal e na região das incisões nos primeiros dias, que melhoram gradativamente após o uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.

Recomenda-se o repouso de 7 a 14 dias, assim como um retorno precoce com o médico urologista para checar a cicatrização e o resultado da biópsia.

Cirurgia aberta

A cirurgia aberta causa um maior desconforto no pós operatório, devido a maior incisão realizada no abdome e manipulação de estruturas adjacentes.

Recomenda-se o repouso de 30 dias após este tipo de cirurgia.

É válido lembrar que este período pode variar de acordo com cada equipe cirúrgica e particularidades de cada procedimento.

Quais são os cuidados pós operatórios após a adrenalectomia?

Dentre os cuidados, são fundamentais:

  • Não realizar atividade física intensa até a liberação médica;
  • Não realizar prática sexual;
  • Ingesta hídrica adequada;
  • Evitar alimentos gordurosos nos primeiros dias após a cirurgia;
  • Ingerir alimentos laxativos nos primeiros dias;
  • Checar o resultado da biópsia e retornar ao médico urologista.

Quais os riscos e complicações de uma cirurgia para retirada de adrenal?

Dentre as complicações desta cirurgia, destacam-se:

  • Sangramento;
  • Infecções;
  • Alterações cardiovasculares (infarto, AVC);
  • Necessidade de retirar o rim;
  • Lesões de órgãos adjacentes;
  • Lesões vasculares.

Esta cirurgia é considerada de grande porte, apesar de ser realizada rotineiramente por diversas equipes cirúrgicas.

Como é a vida após a adrenalectomia?

Caso tenha sido realizada a remoção de apenas uma glândula adrenal, após o período de recuperação, a vida continua normalmente.

Na maioria das vezes, não há indicação de reposição hormonal, somente acompanhamento com o seu médico urologista.

No entanto, caso seja necessária a remoção das duas glândulas adrenais, é necessária a reposição hormonal e o acompanhamento conjunto com a endocrinologista.

Conclusão

Neste artigo explicamos tudo sobre a adrenalectomia, o que é essa cirurgia, suas indicações, recuperação e possíveis complicações.

Este é um procedimento que deve ser realizado somente por especialistas.

Espero que tenham gostado do artigo!

Um abraço.

Perguntas frequentes

É possível viver sem as adrenais?

Sim, é possível viver sem as glândulas adrenais.

Isso ocorre em pacientes que realizam a retirada das adrenais de ambos os lados por tumores de adrenal, síndrome de Cushing e outras alterações.

No entanto, é necessária a reposição de diversos hormônios ao longo da vida.

Esta reposição é realizada pelo médico endocrinologista.

Qual é a função da glândula adrenal?

A adrenal é responsável pela produção de diversos hormônios e substâncias essências ao nosso organismo.

Ela produz as catecolaminas, que são os derivados da noradrenalina, substância responsável pela manutenção da pressão arterial, frequência cardíaca e alterações cardiovasculares.

Ela também produz os glicocorticoides, dentre eles o cortisol, os hormônios sexuais (androgênios) e os mineralocorticóides (como a aldosterona).

Todas essas substâncias são essências para o controle hídrico, função renal e estabilização hemodinâmica.

Referências

  1. Chai, Young Jun et al. “Systematic Review of Surgical Approaches for Adrenal Tumors: Lateral Transperitoneal versus Posterior Retroperitoneal and Laparoscopic versus Robotic Adrenalectomy.” International journal of endocrinology vol. 2014 (2014): 918346. doi:10.1155/2014/918346
  2. Fassnacht, Martin et al. “Management of adrenal incidentalomas: European Society of Endocrinology Clinical Practice Guideline in collaboration with the European Network for the Study of Adrenal Tumors.” European journal of endocrinology vol. 175,2 (2016): G1-G34. doi:10.1530/EJE-16-0467

Artigo escrito por:

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Dr. Eduardo Costa

Dr. Eduardo Costa (CRM: 175220-SP / RQE: 103714) é médico cirurgião urologista formado pela FMABC em São Paulo, onde realizou a sua graduação, residência médica de Cirurgia Geral e Urologia. Após a formação, realizou Fellow em Uro-Oncologia na FMABC e se especializou em Cirurgia Robótica e procedimentos minimamente invasivos (videolaparoscopia e laser).

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