Bexigoma é grave? Conheça os sintomas, causas e tratamentos

homem com bexigoma e muita vontade de urinar

O bexigoma é a urgência urológica mais comum e, ainda assim, é diagnosticada tardiamente em muitos casos.

Ele causa um desconforto intenso em milhares de homens e mulheres que sofrem até a sua identificação e tratamento.

O objetivo deste artigo é explicar o que é o bexigoma, seus principais sintomas, causas, diagnóstico e tratamentos.

O que é o bexigoma?

É a distensão intensa da bexiga, que ocorre devido ao acúmulo de grande quantidade de urina e impossibilidade de esvaziar a bexiga.

Ou seja, o paciente não consegue urinar e acumula progressivamente urina na sua bexiga, que se distende e provoca sintomas intensos.

Acomete principalmente homens após os 50 anos e portadores de hiperplasia prostática benigna (próstata aumentada), mas também pode ocorrer em mulheres e indivíduos mais jovens.

Um estudo científico publicado na revista científica Prostate, incluindo 70.775 homens acima dos 45 anos com retenção de urina aguda, concluiu que esta condição aumenta a mortalidade em 4 a 5 vezes, quando comparada à homens sem esta condição.

antes e depois de uma bexiga com bexigoma com uma dilatação intensa e aumento da sua pressão interna
Quando o paciente não consegue urinar, o acúmulo de grande quantidade de urina causa uma distensão importante da bexiga e sintomas intensos.

Quais os sintomas de um bexigoma?

Os principais sintomas são:

  • Dificuldade ou impossibilidade de urinar
  • Vontade de urinar muito intensa
  • Dor abdominal intensa e progressiva, abaixo do umbigo
  • Agitação psicomotora
  • Incontinência urinária (por transbordamento)

Os sintomas são progressivos, devido ao acúmulo contínuo de urina, sendo inicialmente mais brandos até atingir níveis intensos.

Por que o bexigoma ocorre?

Esta condição pode ser causada por diversas doenças:

  • Hiperplasia prostática benigna (próstata aumentada)
  • Infecções urinárias (prostatites, cistites e uretrites)
  • Estenose de uretra
  • Após cirurgias (ortopédicas, cesáreas e outras)
  • Cálculo uretral
  • Lesões neurológicas
  • Obstruções externas

Qualquer alteração que impeça a saída da urina, seja por obstrução ou por perda da funcionalidade, pode resultar em um acúmulo progressivo de urina.

Como o bexigoma é identificado?

O diagnóstico é realizado através do exame físico e história clínica.

O paciente normalmente relata que não consegue urinar há um determinado tempo, associado a uma dor abdominal progressiva acima do púbis e uma forte vontade de urinar.

No exame físico, o paciente pode apresentar uma massa globosa acima do púbis e um desconforto intenso ao palpar essa região, associado a um aumento da vontade de urinar.

Não são necessários exames complementares para o diagnóstico.

No entanto, caso haja dúvidas, pode ser realizado com brevidade um exame de ultrassom, que identificará a bexiga extremamente distendida e com paredes finas, com grande quantidade de líquido no seu interior.

Qual o tratamento do bexigoma?

O tratamento desta urgência é realizado através da desobstrução das vias urinárias.

É válido lembrar que após uma desobstrução abrupta da via urinária podem ocorrer sangramentos na urina (hematúria ex vacúo), por isso ela deve ser realizada gradualmente.

Essa desobstrução pode ser realizada de várias formas, que explicaremos a seguir.

Sondagem vesical de demora

A primeira forma e uma das mais eficazes é através da passagem de uma sonda vesical de demora.

Este é um dispositivo que é inserido no canal urinário (uretra) e chega até a bexiga.

Ela possibilita a drenagem de urina da bexiga, diretamente para o meio externo em uma bolsa coletora.

A sonda vesical de demora possui um balão que é insuflado dentro da bexiga, a fim de evitar o seu deslocamento.

Esta sondagem pode ser realizada pela equipe de enfermagem, por médicos clínicos, cirurgiões e por urologistas.

O médico urologista é o especialista com maior aptidão em casos de dificuldade para a realização da sondagem vesical de demora.

Ele pode utilizar acessórios complementares como fios guias, dilatadores e outros equipamentos.

Sondagem vesical de alívio

A sonda vesical de alívio é um dispositivo temporário, que pode ser utilizado para o alívio imediato dos sintomas.

Ele é um dispositivo semelhante a sonda vesical de demora, que é inserido no canal da urina (uretra) e irá comunicar a bexiga até o meio externo.

A sua vantagem em relação a sonda tradicional é que ela apresenta menores calibres.

No entanto, não possui balão no seu interior, ou seja, não pode ser fixada.

Dessa forma, ela é considerada uma forma de tratamento temporário, que alivia os sintomas, mas que deve ser complementado por um tratamento definitivo.

Cistostomia por punção

Este é um pequeno procedimento, realizado sob anestesia local, em que é inserida uma sonda vesical de demora pelo abdome, através de uma punção.

Esta sonda ficará localizada dentro da bexiga, comunicando-a com o meio externo, pela bolsa coletora.

Ela é realizada somente em casos refratários, em que não é possível a passagem de sonda vesical de demora ou de alívio pela uretra.

Isso pode ocorrer quando há obstruções significativas nas diversas porções da uretra, impossibilitando a passagem da sonda.

Cirurgia para desobstrução da bexiga

A cirurgia é necessária quando não é possível a passagem de sonda vesical de demora ou de alívio e não há possibilidade de realizar uma cistostomia por punção.

Este procedimento é realizado em centro cirúrgico, sob raquianestesia e sedação, ou anestesia geral.

O bexigoma é grave?

Sim. Ele é a urgência urológica mais comum no pronto socorro, que deve ser diagnosticada e tratada precocemente.

Quando não ocorre o esvaziamento da bexiga, há um acúmulo de urina que, além de gerar um desconforto muito intenso e progressivo, ainda pode resultar em diversas complicações no organismo do paciente.

Quais são as complicações do bexigoma?

Caso ele não seja tratado imediatamente, podem ocorrer diversas complicações, como:

  • Dor de forte intensidade
  • Insuficiência pós renal
  • Uremia
  • Alteração do nível de consciência
  • Infecções urinárias
  • Ruptura vesical

Desta forma, é essencial que os pacientes que já tiveram uma retenção urinária aguda, ou seja, que já tiveram a urina presa, procurem um médico urologista.

É possível prevenir o bexigoma?

A principal forma de prevenção é através da consulta de rotina com o médico urologista.

Ele irá avaliar o seu padrão urinário, investigar e iniciar o tratamento das possíveis causas de obstrução urinária.

Caso você apresente qualquer tipo de alteração na hora de urinar, procure este profissional.

Conclusão

Neste artigo, explicamos o que é o bexigoma, seus sintomas e causas, assim como o seu diagnóstico e tratamento.

Esta é uma urgência urológica extremamente incômoda, que deve ser identificada e tratada imediatamente.

Espero que tenham gostado do artigo!

Um abraço.

Perguntas frequentes

Como saber se está com bexigoma?

A identificação é realizada através do exame físico, por um médico urologista ou cirurgião geral.

O paciente apresentará uma parada da eliminação de urina, um forte desejo miccional e dor importante à palpação do abdome inferior, em que é possível localizar uma massa globosa.

Em caso de dúvidas, pode ser realizado um exame de ultrassom para confirmar o achado.

O que um bexigoma pode causar?

Ele provoca uma dor intensa abaixo do umbigo, associado a uma intensa vontade de urinar, sem conseguir realizar a micção.

Caso não seja tratado, pode resultar em uma insuficiência pós renal, distúrbios hidroeletrolíticos e até a ruptura vesical.

Referências

  1. Karavitakis, Markos et al. “Management of Urinary Retention in Patients with Benign Prostatic Obstruction: A Systematic Review and Meta-analysis.” European urology vol. 75,5 (2019): 788-798. doi:10.1016/j.eururo.2019.01.046
  2. Bengtsen, Maria Bisgaard et al. “Acute urinary retention in men: 21-year trends in incidence, subsequent benign prostatic hyperplasia-related treatment and mortality: A Danish population-based cohort study.” The Prostate vol. 83,1 (2023): 87-96. doi:10.1002/pros.24440

Artigo escrito por:

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Dr. Eduardo Costa

Dr. Eduardo Costa (CRM: 175220-SP / RQE: 103714) é médico cirurgião urologista formado pela FMABC em São Paulo, onde realizou a sua graduação, residência médica de Cirurgia Geral e Urologia. Após a formação, realizou Fellow em Uro-Oncologia na FMABC e se especializou em Cirurgia Robótica e procedimentos minimamente invasivos (videolaparoscopia e laser).

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