O câncer de bexiga ou neoplasia vesical é uma doença prevalente no Brasil.
Ela apresenta mais de 11 mil casos/ano com mortalidade de aproximadamente 4.500 indivíduos todos os anos, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Quando não tratado adequadamente, pode progredir de uma doença superficial para uma doença mais profunda e agressiva.
Diversos pacientes apresentam sintomas que muitas vezes são ignorados e deixados de lado, mas que já dão indícios desta neoplasia.
O objetivo deste artigo é explicar sobre esta doença e destacar os 10 sintomas do câncer de bexiga que você não deveria ignorar.
Índice
O que é o câncer de bexiga?
São células da própria bexiga que sofreram mutação, tornaram-se malignas e se proliferaram de forma rápida no interior da bexiga.
Podem apresentar diferentes tipos, aspectos, tamanho, quantidade e profundidade das lesões.
Acomete mais homens após os 50 anos da idade e está fortemente associada ao tabagismo e a exposição a produtos químicos (como solventes, tintas e outros).
Em torno de 75% das lesões são superficiais, ressecáveis e apresentam um prognóstico favorável, quando devidamente tratadas e acompanhadas.
No entanto, estas lesões podem progredir e recidivar, evoluindo para uma doença mais avançada, profunda e agressiva.
Por isto, é fundamental se atentar aos sintomas de câncer de bexiga.
Sintomas do câncer de bexiga
É comum pacientes relatarem sintomas por longos períodos antes de procurar o auxílio médico.
Desta forma, separamos abaixo uma lista com os 10 sintomas do câncer de bexiga que você não deveria ignorar.
Caso você apresente qualquer um destes sintomas, procure o médico urologista para investigação e tratamento.
1) Sangue na Urina
Este é um dos principais sintomas de câncer de bexiga, também chamado de hematúria.
Em pacientes com mais de 50 anos de idade, a principal hipótese diagnóstica após um episódio de sangue na urina é a neoplasia vesical.
Este sangramento é intermitente e pode se apresentar como vermelho vivo com ou sem coágulos.
Pode ainda ser identificado nos exames de urina (hematúria microscópica).
Esse sintoma ocorre, pois o tumor pode invadir e romper vasos sanguíneos da bexiga, causando o sangramento na urina.
Obviamente existem diversas causas de sangue na urina como pedras nos rins, infecções urinárias, câncer renal, dentre outros.
Por isto, é fundamental a investigação com o médico urologista.
2) Alteração da cor da urina
Muitos pacientes relatam que nunca perceberam sangue na urina, mas que a coloração da urina apresentou mudanças nos últimos tempos.
Isto ocorre, porque o sangue na urina em grandes diluições não causa a vermelhidão típica que estamos acostumados.
A cor da urina pode simplesmente estar mais escura, alaranjada ou até amarronzada.
Logicamente existem diversas causas para a alteração da coloração da urina como baixa ingesta hídrica, infecções urinárias, uso de medicamentos, dentre outras.
Por isto é fundamental se atentar a estes sinais de alerta e procurar ajuda médica, caso necessário.
3) Aumento da frequência urinária
Este é um dos sintomas de câncer de bexiga que muitos pacientes e até médicos confundem com uma infecção urinária.
O que acontece é que o tumor de bexiga pode causar uma inflamação na bexiga.
Esta irritação pode se manifestar de diversas maneiras, mas principalmente com uma maior vontade de urinar (com ou sem perda urinária) e um menor intervalo de tempo entre as micções.
Alguns pacientes relatam que estão indo ao banheiro mais frequentemente, urinando em menor quantidade e com uma vontade repentina.
4) Dor ao urinar
Assim como o aumento da frequência urinária descrito acima, esta irritação na bexiga pode cursar com dor ou desconforto ao urinar.
E este é um dos sintomas de câncer de bexiga que mais incomodam os pacientes.
Ela pode variar desde uma dor de baixa a forte intensidade e, normalmente, é relacionada à micção.
Ao iniciar a micção, há uma contração da bexiga, que pode ocasionar compressão destas lesões tumorais e consequentemente a dor.
É importante lembrar que diversas doenças também podem cursar com desconforto ou dor ao urinar e devem ser investigadas pelo médico urologista.
5) Dores abdominais
Alguns pacientes relatam uma dor intermitente no “pé da barriga” ou hipocôndrio.
Este desconforto muitas vezes não tem relação com a micção e é desencadeada pela simples presença do tumor.
A intensidade desta dor pode variar desde um desconforto leve até intensas dores que necessitam do uso de medicamentos analgésicos.
Isto ocorre, pois a lesão pode comprimir estruturas adjacentes, assim como terminações nervosas, ocasionando sintomas nesta região.
Nos casos de doença mais avançada, é possível até palpar uma massa ao examinar a região inferior do abdome.
6) Fragmentos na urina
Em determinados casos, pode haver a erosão de fragmentos do tumor de bexiga na urina.
São eliminados na urina e parecem “pedaços”, que podem assustar bastante os pacientes. Muitos até confundem estes fragmentos com pedra no rim.
Este é um importante sintoma de câncer de bexiga.
Isto ocorre porque estas lesões tumorais são invasivas, podem romper vasos sanguíneos da própria massa tumoral com seu crescimento, causando a morte (necrose) de segmentos da massa tumoral.
Esses segmentos podem se desprender e serem eliminados na urina, acompanhados ou não a coágulos.
7) Inchaço nos pés e pernas
O inchaço ou edema dos pés é consequência do acúmulo de líquidos no organismo, devido a uma alteração na filtração do rim.
É comum observamos que os tumores de bexiga invadem os meatos ureterais, região de extrema importância para o sistema urinário.
A urina filtrada pelo rim passa pelos ureteres e desemboca na bexiga justamente pelos meatos ureterais.
Ou seja, caso haja uma obstrução parcial ou total desta região, haverá um comprometimento significativo da eliminação de urina dos rins para a bexiga.
A consequência disso é a alteração da função renal (insuficiência renal) e um acúmulo de líquido no organismo, que pode se manifestar como um inchaço nos pés e nas pernas.
8) Emagrecimento
Em casos de tumor de bexiga avançado, há um consumo significativo de nutrientes e energia devido a doença.
Isto ocasiona o emagrecimento do paciente, podendo estar acompanhado de grande perda do apetite.
Diversos pacientes relatam perda de 5 a 10 kg em poucos meses.
A perda do peso gera desnutrição, que deve ser identificada e tratada adequadamente, pois pode impactar significativamente na qualidade de vida e na resposta ao tratamento.
Este é um dos sintomas de câncer de bexiga que exigem atenção pois pode ser um sinal de uma doença mais avançada e comprometer resultados cirúrgicos.
9) Cansaço
Este é um dos sintomas de câncer de bexiga que ocorre principalmente em casos mais avançados, quando há sinais de anemia, devido à perda de sangue na urina e ao consumo provocado pela doença.
As hemácias ou células vermelhas do sangue são as responsáveis por transportar oxigênio para as células do corpo, portanto, quando diminuem em quantidade, há uma redução do fornecimento de oxigênio (e consequentemente de energia) à todas as células do corpo.
O resultado disso é a presença de maior fadiga, moleza e cansaço, além de uma indisposição geral.
10) Dor nos ossos
Este é um sintoma de câncer de bexiga mais presente nos casos mais avançados.
Assim como o câncer de próstata, a neoplasia vesical, quando se espalha (metástase), pode comprometer diversas estruturas, dentre elas, os ossos.
O osso apresenta uma série de terminações nervosas, que ao serem invadidas pelo tumor, podem causar dor intensa, refratária ao uso de medicamentos analgésicos comuns.
Os ossos da coluna geralmente são os mais afetados, provocando dores intensas, constantes e não relacionadas à posição ou atividade física.
Diagnóstico
A suspeita do diagnóstico é feita por um médico urologista através dos sintomas descritos, da história do paciente, exame físico, exames de imagem (ultrassom ou tomografia) e cistoscopia.
A cistoscopia é um exame semelhante a uma “endoscopia”, em que uma pequena câmera acoplada ao cistoscópio é introduzida na uretra e bexiga. Ela possibilita a visualização em tempo real do interior da bexiga e é capaz de realizar biópsias da lesão.
O diagnóstico de certeza só é feito através da biópsia.
Após o diagnóstico, é realizado o estadiamento da doença através de exames de imagem, para verificar se a lesão é superficial ou profunda e se está ou não confinada à bexiga.
A partir disto, é possível direcionar o paciente para o melhor tratamento.
Tratamento
O tratamento do câncer de bexiga é individualizado e possui diversas particularidades.
Vou descrever de forma básica e superficial as formas de tratamento, mas basicamente ele depende de alguns fatores, sendo os principais:
– Profundidade, localização, número, tamanho e grau das lesões
– Tipo histológico do tumor
– Doença restrita a bexiga ou não
– Condições clínicas de cada paciente
O tratamento é específico, a depender das características acima descritas, e pode contemplar uma série de modalidades:
– Ressecção transuretral da bexiga (raspagem da bexiga)
– Imunoterapia
– Cirurgia de retirada completa da bexiga (cistectomia total)
– Cirurgia de retirada parcial da bexiga (cistectomia parcial)
– Quimioterapia (antes ou depois da cirurgia)
– Radioterapia
A raspagem de bexiga é realizada nos casos de doenças superficiais.
Nos casos de doenças músculo-invasivas (mais profundas), o tratamento de escolha é a retirada completa da bexiga.
Segundo uma revisão sistemática publicada no European Journal Of Urology, a retirada da bexiga também pode ser realizada em casos superficiais específicos (lesões extensas, com alto risco de progressão, entre outras).
É feita com a finalidade de evitar a progressão desta doença e aumentar a sobrevida do paciente.
Atualmente, existem diversas vias cirúrgicas para a retirada completa da bexiga como a cistectomia robótica, a videolaparoscópica e a aberta, assim como diversos tipos de reconstruções urinárias (ureterostomia, bricker, neobexiga).
No futuro, farei artigos completos explicando mais sobre os diferentes tipos de tratamentos e cirurgias para a neoplasia vesical.
Onde tratar câncer de bexiga em São Paulo (SP)?
Realizo a investigação do tumor de bexiga no meu consultório.
Ele fica localizado no Jardim Paulista em São Paulo, próximo aos bairros: Jardins, Bela Vista, Pinheiros, Higienópolis e Consolação.
Caso seja necessária a cirurgia, o paciente e a equipe médica definem em conjunto o local mais adequado.
A minha equipe realiza os procedimentos cirúrgicos nos principais hospitais de São Paulo (SP).
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Conclusão
Neste artigo, explicamos os principais sintomas do câncer de bexiga e a importância em se identificá-los precocemente.
O tratamento precoce e o seguimento são essenciais para evitar a recidiva e a progressão desta doença.
Sendo assim, fique atento aos sintomas e, caso apresente qualquer um deles, procure um médico urologista para investigar!
Um abraço.
Perguntas Frequentes
Câncer de bexiga tem cura? É grave?
Como mencionado anteriormente, ele apresenta uma série de características que o classificarão em uma doença superficial ou profunda.
Além das características do tumor, temos que avaliar todas as particularidades de cada paciente (idade, comorbidades, escore de nutrição, mobilidade, cognição, entre outras).
A partir disso, será possível afirmar a gravidade e a possibilidade de cura da doença.
De forma geral, nos casos de doença localizada na bexiga, o tratamento é curável.
Entretanto, o tratamento e o acompanhamento a longo prazo são fundamentais para evitar recidivas da doença e assim, definir a cura.
No entanto, quando já se espalhou para órgãos à distância (metástase), a doença não é mais considerada curável, apesar dos múltiplos tratamentos disponíveis para o controle da doença.
Câncer de bexiga pode levar à morte?
No entanto, casos mais avançados ou doenças superficiais que não tiveram acompanhamento adequado, há um risco de morte mais elevado, que varia de acordo com o estágio do câncer e as características individuais de cada paciente.
Referências
- Instituto Nacional de Câncer: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/bexiga
- National Cancer Institute (US): https://www.cancer.gov/types/bladder
- Russell, Beth et al. “A Systematic Review and Meta-analysis of Delay in Radical Cystectomy and the Effect on Survival in Bladder Cancer Patients.” European urology oncology vol. 3,2 (2020): 239-249. doi:10.1016/j.euo.2019.09.008