Cirurgia Robótica de Próstata em São Paulo (SP)

cirurgia robótica com braços robóticos encostando no paciente na sala de cirurgia

O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais frequente no homem.

Ele acomete milhares de homens ao redor do mundo e o seu tratamento cirúrgico pode resultar em disfunção erétil e incontinência urinária.

Estas consequências assustam muitos homens que procuram meios para minimizar estas alterações.

Atualmente, com o desenvolvimento de procedimentos minimamente invasivos, como a cirurgia robótica, houve uma melhora significativa nos resultados pós operatórios.

O objetivo deste artigo é explicar tudo sobre a cirurgia de próstata robótica, suas vantagens, desvantagens, indicações, recuperação e cuidados no pós operatório.

O que é o câncer de próstata?

São células da próstata que sofrem mutação e se proliferam de forma desordenada, formando um tumor.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), ele é o segundo câncer mais comum no homem e acomete em torno de 65.000 novos casos todos os anos no Brasil.

Diferente de outros tumores urológicos, como o câncer de bexiga, a neoplasia de próstata normalmente não causa sintomas, o que pode levar muitos homens a procurarem o urologista tardiamente.

Para pacientes que fazem o acompanhamento de rotina com o urologista, o exame de PSA e o toque retal podem identificar alterações e gerar suspeita.

Existem diversos estágios do câncer de próstata, sendo a maioria deles restritos a próstata.

O tratamento de escolha para estes casos é a cirurgia de retirada da próstata, que pode ser realizada por via aberta, videolaparoscópica ou robótica.

Com o desenvolvimento da tecnologia, os procedimentos minimamente invasivos, como a cirurgia de próstata robótica, ganharam destaque por promovem uma recuperação mais precoce e tranquila.

A cirurgia robótica pode ser utilizada não somente no tratamento do câncer de próstata, mas também no tratamento da próstata aumentada.

O que é a cirurgia robótica de próstata?

A cirurgia de próstata ou prostatectomia robótica é um procedimento minimamente invasivo utilizado para o tratamento de doenças na próstata (câncer, hiperplasia).

Diferente do que muitos pensam, o robô não opera sozinho o paciente, mas compõe um sistema que auxilia o médico cirurgião.

Este sistema é composto basicamente por:

– Console: sistema em que o cirurgião é capaz de visualizar a cirurgia em imagem 3D e realizar o procedimento através de movimentos que serão transmitidos aos braços robóticos

– Robô com 04 braços: 01 para a microcâmera e as demais para as pinças (tesoura, pinças, porta-agulha, entre outras)

Neste procedimento, o médico urologista opera o paciente através do console, que transmite os movimentos do cirurgião às pinças robóticas.

cirurgia robótica de próstata com o paciente, robo e o cirurgião no console
Ilustração de como é a feita a cirurgia robótica de próstata.
O cirurgião realiza os movimentos no console
que são reproduzidos e suavizados pelo robô.

Como é feita?

A prostatectomia robótica é realizada em centro cirúrgico com anestesia geral, com duração de 02 a 04 horas.

Inicialmente são realizadas 06 pequenas incisões ao redor do umbigo em que serão inseridos trocateres que insuflarão a barriga de gás.

Esta insuflação amplia o campo de imagem para realização da cirurgia.

A seguir, os braços robóticos são acoplados a estes trocateres e as pinças robóticas são inseridas.

Após isto, o médico auxiliar continua ao lado do paciente durante todo o procedimento, enquanto o cirurgião vai para o console.

O cirurgião então realiza a cirurgia através do console, que reproduzirá seus movimentos aos braços robóticos.

A cirurgia é realizada com a dissecção de diversas estruturas, com identificação da bexiga, próstata, vesículas seminais.

No caso da prostatectomia robótica radical para câncer de próstata, ela é removida junto com as vesículas seminais.

Já nos casos de hiperplasia é retirado somente o adenoma ou “miolo da próstata”, mantendo as vesículas seminais e a cápsula prostática.

É inserida uma sonda na bexiga, que deverá permanecer por 07 a 10 dias.

Após isto, o paciente acorda da anestesia geral e é encaminhado ao repouso anestésico. A seguir, é transferido para o quarto, onde irá se alimentar e caminhar no pós operatório. 

Preparo pré operatório

– Coletar os exames pré operatórios (exame de sangue, radiografia de tórax e eletrocardiograma) e complementares (caso haja indicação pelo anestesista ou cardiologista);

– Evitar depilação da região do escroto antes da cirurgia (a tricotomia é realizada no próprio hospital, antes do início do procedimento);

– Levar o termo de consentimento assinado e documentos pessoais;

– Levar todos os exames com as imagens no dia da cirurgia;

– Ir ao hospital com acompanhante;

– Suspender os medicamentos de rotina, caso seja orientado pelo médico

Riscos

– Infecção da ferida operatória;

– Sangramento intraoperatório;

Disfunção erétil;

– Incontinência urinária;

Outras complicações mais raras são:  lesões de vasos sanguíneos, alças intestinais e órgãos adjacentes.

Vale lembrar que a cirurgia robótica é um procedimento minimamente invasivo que visa minimizar os riscos inerentes a qualquer tipo de cirurgia.

Cicatriz

A cicatriz é super discreta com 05 pequenas incisões no abdome, paralelas ao umbigo e menores que 1cm, e uma incisão de 2cm para retirada da próstata.

Os pontos realizados são intradérmicos absorvíveis, não sendo necessária sua remoção.

Vantagens

Para o cirurgião

Este sistema apresenta uma série de vantagens, sendo as principais:

– Visão otimizada: O console do cirurgião apresenta uma visão em alta definição, ampliada e em três dimensões (3D), facilitando a identificação e dissecção das estruturas;

– Movimentação precisa: Os movimentos realizados no console são suavizados pelo robô, sendo reproduzidos no paciente sem tremores ou movimentos bruscos, aumentando a precisão cirúrgica;

– Maior amplitude: Diferente da cirurgia por videolaparoscopia, em que as pinças não possuem articulações, o dispositivo robótico apresenta articulações em 360 graus semelhantes a mão de um ser humano.

Isso facilita muito a identificação, dissecção, ressecção e realização de movimentos durante a cirurgia;

– Melhor ergonomia: o cirurgião realiza o procedimento sentado, com os dispositivos adequados à sua altura, o que traz um benefício muito grande, principalmente para cirurgias de grande porte.

Para o paciente

As principais vantagens para o paciente em relação à cirurgia convencional são:

– Retorno precoce às atividades habituais

– Menor dor no pós operatório

– Menor sangramento durante a cirurgia

– Melhor estética: são realizadas pequenas incisões, sem necessidade de grandes cortes no abdome

– Menor tempo de internação hospitalar

– Menor risco de complicações

Desvantagens

As principais desvantagens são:

– Custo elevado: valor do procedimento, que inclui a taxa para uso das pinças do robô;

– Disponibilidade: muitas regiões do Brasil ainda não possuem dispositivos robóticos para a realização do procedimento;

– Treinamento: nem todos os profissionais urologistas são especializados em realizar procedimentos minimamente invasivos;

– Maior tempo operatório: quando comparado a cirurgia aberta convencional.

Recuperação

A recuperação costuma ser tranquila.

Pode ocorrer inchaço e discreto hematoma ao redor dos testículos, além de dor de leve intensidade na porção inferior do abdome e no pênis (principalmente pelo uso da sonda vesical de demora).

Este desconforto local é resolvido com o uso de analgésicos, prescritos após a cirurgia, na alta do paciente.

A sonda vesical de demora ficará por 07 a 10 dias após a cirurgia, após este período, é removida no consultório médico.

Além disso, uma série de cuidados são explicados ao paciente para se recuperar mais precocemente.

Cuidados pós operatórios

– Utilizar os medicamentos prescritos por seu médico;

– Tomar cuidado com a sonda vesical de demora: Não manipular, puxar ou deitar em cima da sonda (risco de entupimento);

– Esvaziar a bolsa coletora da sonda quando atingir a metade: Não deixar ela encher até o fim, ficar pesada ou tracionar o pênis;

– Não realizar atividades físicas intensas até liberação médica;

– Lavar e secar bem a região dos pontos;

– Levar fraldas no retorno para retirada da sonda vesical (pode ocorrer perda de urina);

– Qualquer dúvida, entrar em contato direto com o seu médico urologista

Além dos cuidados imediatos, são necessários alguns cuidados após a cirurgia, que consistem em levar o resultado da biópsia para o médico urologista no retorno e coletar os exames de PSA para acompanhamento.

Existem também os cuidados específicos para o retorno da continência urinária e da função erétil.

Continência urinária

A recuperação da continência urinária depende de uma série de fatores que variam de acordo com as características específicas de cada paciente e da extensão do câncer de próstata.

Segundo uma revisão sistemática publicada no European Journal of Urology, 69 a 97% dos pacientes apresentarão retorno da continência urinária em até 01 ano.

A fisioterapia do assoalho pélvico com eletroestimulação, assim como a prática destes exercícios em casa, auxiliam significativamente a recuperação precoce desta função.

O uso de absorventes ou fraldas imediatamente após a cirurgia é normal. Seu uso diminui com o tempo, conforme ocorra a recuperação da continência urinária.

Função erétil

A recuperação da função erétil varia de acordo com cada paciente: função erétil prévia a cirurgia, presença de comorbidades (diabetes, obesidade, hipertensão) e extensão do câncer de próstata.

De modo geral, em torno de 60 a 80% dos pacientes apresentarão recuperação da função erétil em até 01 ano.

A reabilitação peniana inclui um conjunto de medidas, cujo objetivo principal é recuperar precocemente a função erétil.

Ela é realizada após a retirada da sonda vesical de demora e recuperação da continência urinária.

Estas medidas incluem o uso de vasodilatadores ou injeções intracavernosas, fisioterapia do assoalho pélvico e exercícios determinados.

Qual o preço da cirurgia robótica de próstata?

O valor da cirurgia robótica de próstata varia de acordo com cada equipe médica, hospital em que o procedimento será realizado e a taxa hospitalar do uso do robô.

Os convênios médicos costumam cobrir a internação e reembolsar parcialmente ou totalmente os honorários médicos, mas atualmente não cobrem a taxa de uso do robô.

Caso tenha interesse em saber mais sobre este procedimento, entre em contato clicando no símbolo de whatsapp ao lado.

Conclusão

A cirurgia robótica para o tratamento do câncer de próstata é um procedimento inovador, minimamente invasivo que apresenta diversas vantagens.

Neste artigo, explicamos sobre o que é a prostatectomia robótica, suas vantagens, desvantagens, funcionamento e cuidados pós operatórios.

Até a próxima!

Perguntas Frequentes

A cirurgia robótica de próstata diminui a potência sexual?

Sim. Isso ocorre porque a próstata é inervada pela chamada banda neurovascular, uma das responsáveis pela ereção masculina.
Com a cirurgia, a banda pode ser lesada.

Este dano é reduzido em doenças localizadas e de baixo grau, em que é possível uma preservação mais ampla da mesma.
Já nos casos de doenças extensas, a prioridade é sempre retirar o câncer, ocorrendo uma menor preservação da banda e, consequentemente, uma maior chance de disfunção erétil.

Por meio de procedimentos minimamente invasivos, como a cirurgia robótica, conseguimos diminuir o dano e a inflamação causadas nestes tecidos, preservando a banda neurovascular de uma forma mais precisa.

Isso resulta em um menor grau de disfunção erétil e uma reabilitação precoce desta função.

Qual anestesia para cirurgia robótica?

Anestesia geral. O paciente estará anestesiado, sem dor, monitorizado, dormindo e com ventilação mecânica controlada pelo médico anestesista durante todo o procedimento.

Referências

  1. Instituto Nacional do Câncer. https://www.inca.gov.br/campanhas/cancer-de-prostata/2020/saude-do-homem
  2. Ficarra, Vincenzo et al. “Systematic review and meta-analysis of studies reporting urinary continence recovery after robot-assisted radical prostatectomy.” European urology vol. 62,3 (2012): 405-17. doi:10.1016/j.eururo.2012.05.045
  3. Mayo Clinic. https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/prostate-cancer/symptoms-causes/syc-20353087

Artigo escrito por:

Picture of Dr. Eduardo Costa

Dr. Eduardo Costa

Dr. Eduardo Costa (CRM: 175220-SP / RQE: 103714) é médico cirurgião urologista formado pela FMABC em São Paulo, onde realizou a sua graduação, residência médica de Cirurgia Geral e Urologia. Após a formação, realizou Fellow em Uro-Oncologia na FMABC e se especializou em Cirurgia Robótica e procedimentos minimamente invasivos (videolaparoscopia e laser).

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