Estenose de JUP tem cura? Conheça 3 tratamentos

médico apontando para uma maquete de rim

A estenose de JUP é uma alteração das vias urinárias que é muitas vezes descoberta ao acaso.

Ela pode acometer tanto homens quanto mulheres.

Mas ela é grave? Quando devo me preocupar?

O objetivo deste artigo é explicar o que é a estenose de JUP, assim como os seus sintomas, diagnóstico e diversos tipos de tratamentos.

O que é a estenose de JUP?

É o estreitamento da junção ureteropiélica (JUP), que é a área de transição entre o rim e o ureter.

A urina filtrada pelo rim normalmente desce pelo ureter sem dificuldades, até chegar na bexiga.

A presença de um estreitamento pode levar a uma dificuldade para a drenagem desta urina, que pode acumular no rim e gerar uma dilatação ou hidronefrose.

Este acúmulo progressivo e crônico causa diversas alterações e sintomas.

rim dilatado com estenose de jup estreitando o ureter
A estenose de JUP é um estreitamento da transição do rim para o ureter (junção ureteropiélica), que dificulta a passagem da urina e pode gerar uma dilatação e danos ao rim. 

Normalmente ela não causa sintomas.

No entanto, quando presentes, os principais são:

Esta doença também pode predispor a formação de cálculos renais e hipertensão arterial a longo prazo.

É fundamental lembrar que esta doença costuma ser silenciosa e não causa sintomas até que a dilatação já esteja avançada.

Por isso, a realização de exames e o acompanhamento médico são essenciais.

O que causa a estenose da junção ureteropiélica?

Essa condição pode ser congênita ou adquirida.

Quando congênita, o paciente já nasce com uma malformação que estreita a transição entre o rim e o ureter.

Esta malformação pode ser interna ou externa, como um vaso sanguíneo anômalo que comprime o ureter.

Já a causa adquirida ocorre após processos inflamatórios, infecciosos, manipulações cirúrgicas, traumas, dilatações e radioterapia.

Como a estenose de JUP é diagnosticada?

Esta condição é suspeitada pelo ultrassom de rins e vias urinárias, um exame inicial que irá identificar a dilatação do rim.

No entanto, o diagnóstico de certeza só é feito através da urotomografia computadorizada com contraste endovenoso e fase de excreção tardia.

Este exame identifica o exato ponto de estreitamento, assim como detalha informações como: a presença de dilatação, as condições do parênquima renal, a anatomia das vias urinárias e a eliminação do contraste.

São necessários também exames complementares, como a cintilografia.

A cintilografia dinâmica (DTPA) é essencial para verificarmos o grau de obstrução, tempo de excreção do radiofármaco, dentre outras informações.

Já a cintilografia estática (DMSA) tem a finalidade de verificar a função do rim obstruído, e assim, determinar o melhor tipo de tratamento.

A estenose de JUP tem cura?

Sim. Esta doença tem cura e deve ser acompanhada e tratada pelo médico urologista.

Ele irá avaliar a extensão da doença, o grau de obstrução, a função renal, dentre outras condições para empregar o melhor tipo de tratamento. 

Como tratar a estenose da JUP?

O tratamento é baseado em alguns fatores, como:

  • Idade do paciente;
  • Condições clínicas;
  • Grau de obstrução;
  • Presença de sintomas;
  • Função renal.

A partir destas informações, é possível dividir o tratamento em conservador, endoscópico e reconstrutivo.

1. Tratamento conservador (acompanhamento)

O tratamento conservador consiste em acompanhar a doença sem realizar intervenções.

Ele é indicado principalmente para casos leves, com as seguintes condições:

  • Dilatação mínima ou ausente;
  • Função renal preservada (aferida pela cintilografia DMSA);
  • Grau de obstrução mínimo ou ausente (identificada pela cintilografia DTPA);
  • Ausência de sintomas;
  • Acompanhamento rigoroso com o urologista.

De acordo com uma revisão sistemática publicada no Pediatric Nephrology, cerca de 80% das crianças assintomáticas com esta doença somente de um lado, podem ser tratadas de forma conservadora com sucesso.

É válido lembrar que este tratamento só é recomendando caso não hajam sintomas, alterações da função renal ou de exames de imagem, e exige um acompanhamento rigoroso com o urologista.

2. Cirurgias endoscópicas (por dentro das vias urinárias)

A via endoscópica é um tipo de tratamento reservado para poucos casos.

Isso se deve ao fato dela apresentar uma alta taxa de recidiva, apesar de ser menos invasiva.

Consiste em realizar uma incisão com lâmina fria ou laser na estenose, seguido ou não de uma dilatação e passagem de um cateter duplo J sem fio.

É recomendada em casos específicos, em que não há a possibilidade de realizar a reconstrução ou em pacientes com múltiplas morbidades.

3. Reconstrução do ureter estreito

A cirurgia de reconstrução da junção ureteropiélica é chamada de pieloplastia.

Este é o procedimento de escolha para o tratamento da estenose de JUP.

A cirurgia pode ser realizada por via aberta, laparoscópica ou robótica.

É feita sob anestesia geral em centro cirúrgico.

É realizada a dissecção e identificação do ureter até a sua área estenótica, seguido da sua remoção e reconstrução desta porção.

Ao fim do procedimento, é inserido um cateter duplo J sem fio.

Este é o tratamento mais recomendado e é indicado para os seguintes casos:

  • Dilatação moderada ou grave;
  • Função renal diminuída, mas presente;
  • Obstruções moderadas e graves;
  • Pacientes com sintomas.

É essencial lembrar que a transição do rim para o ureter será reconstruída, mas o rim deve possuir uma função residual significativa.

Caso contrário, a cirurgia não irá trazer benefícios ao paciente.

É possível prevenir a estenose da junção ureteropiélica?

Não há uma forma de prevenir o surgimento desta doença.

No entanto, é possível a sua identificação precoce através de exames de rotina, como a ultrassonografia dos rins e vias urinárias e o acompanhamento com o médico urologista.

Conclusão

Neste artigo, explicamos se a estenose de JUP tem cura, assim como os seus sintomas, diagnóstico, causas e tratamentos.

Esta é uma alteração das vias urinárias que pode ser nociva ao rim, se não identificada precocemente.  

Espero que tenham gostado do artigo!

Um abraço.

Perguntas frequentes

Quando operar a estenose de JUP?

Esta condição deve ser operada caso o paciente apresente sintomas, dilatação renal importante, infecções urinárias de repetição e alteração da função renal.

Como aliviar a dor da estenose da junção ureteropiélica?

A restrição hídrica, assim como o uso de analgésicos, podem aliviar a dor causada por esta doença.

No entanto, somente o seu tratamento cirúrgico definitivo evitará novos episódios de dor.

Referências

  1. Kinn, A C. “Ureteropelvic junction obstruction: long-term followup of adults with and without surgical treatment.” The Journal of urology vol. 164,3 Pt 1 (2000): 652-6. doi:10.1097/00005392-200009010-00009
  2. Khan, Fahd et al. “Management of ureteropelvic junction obstruction in adults.” Nature reviews. Urology vol. 11,11 (2014): 629-38. doi:10.1038/nrurol.2014.240
  3. Weitz, Marcus et al. “Primary non-surgical management of unilateral ureteropelvic junction obstruction in children: a systematic review.” Pediatric nephrology (Berlin, Germany) vol. 32,12 (2017): 2203-2213. doi:10.1007/s00467-016-3566-3

Artigo escrito por:

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Dr. Eduardo Costa

Dr. Eduardo Costa (CRM: 175220-SP / RQE: 103714) é médico cirurgião urologista formado pela FMABC em São Paulo, onde realizou a sua graduação, residência médica de Cirurgia Geral e Urologia. Após a formação, realizou Fellow em Uro-Oncologia na FMABC e se especializou em Cirurgia Robótica e procedimentos minimamente invasivos (videolaparoscopia e laser).

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